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Wednesday, January 18, 2012

Made in Crise

Grow with us!

O processo da globalização das actividades económicas, cultural e social, em todo o mundo é hoje irreversível. Este decurso, tem provocado uma crescente proximidade entre os povos, pois, as pessoas movem-se ao longo dos países, em função do seu projecto de vida, e as empresas têm grande facilidade em deslocalizar-se, de acordo com os seus objectivos e das condições que determinado pais ou região lhes possa proporcionar. Constata-se também que o mundo inteiro escolhe os seus produtos para consumo em função dos seus valores, garantias pessoais e preferências.

Cabo Verde, como integrante do globo, assim como qualquer outro, terá de se obrigar a dar vazão à necessidade que os países têm de construir uma orientação sólida, capaz de transmitir uma imagem mobilizadora, coerente e favorável aos seus diversos públicos. Venham a ser eles financiadores, investidores e bancos, governos estrangeiros, empresas multinacionais, cidadãos nacionais e estrangeiros. Para abordar esta problemática de uma forma sistematizada, é necessário que numa primeira instância o país conheça as suas limitações e potencialidades, e que fixe objectivos claros, de forma a poder delinear uma estratégia e um modelo de desenvolvimento sustentado e diversificado.

Será que hoje todos os actores nacionais estão em consenso quanto à visão do nosso país para o que se pretende que sejamos daqui a 20 ou 30 anos? Quais são os sectores de actividade em que se pretende apostar, de forma a diversificar e mitigar riscos? Que qualificações se pretendem desenvolver nas pessoas, para sustentar estas apostas? Que infra-estruturas são necessárias e qual o calendário de evolução das prioridades? Qual a melhor aposta que cada região pode fazer? De alguma forma as respostas e algum deste trabalho podem ser encontrados no documento de Crescimento e Redução da Pobreza, compilado na Agenda de Transformação Económica de Cabo Verde, desenvolvido em 2001. Este documento visa essencialmente estribar as bases para o aproveitamento das oportunidades e vantagens comparativas de Cabo Verde para a consolidação de vantagens Competitivas. Por isso, foca-se principalmente na Localização e no Mar.

Pode até ser legítimo questionar-se o modo como a Agenda foi construída, assim como, eventuais, necessidades de um consenso mais largo e a nível nacional. No entanto, no meu entender, superando essas eventualidades, a questão de fundo que se impõe é o como materializar esta transformação? Como alargar e cimentar as bases e os pilares da Economia Nacional? Tudo, para que efectivamente o país fazer o “take off” com a rota devidamente traçada e aprovada.

É certo de que as ideias centrais da Estratégia de Transformação de Cabo Verde propõem consolidar a economia de mercado, a ser liderada pelo sector privado, modernizar a sociedade e as instituições, e sobretudo, construir uma Nação globalmente competitiva. Pretensões com ênfase em eixos de desenvolvimento traçados, como são o Turismo; Hub transporte: Marítimo e Aéreo; Fishing e Serviços Ligados Mar; Centro de Serviços: IT e Finance. Tudo para se alargar a base produtiva do país, criar vantagens competitivas em novos sectores, particularmente a nível dos serviços, favorecer as oportunidades para o emprego e para aumentar a capacidade produtiva e a participação no mercado global.

Por outro lado, estas nossas pretensões esvaziam-se muito na realidade crua do empresariado nacional e face às suas várias limitações, principalmente ao nível da sua assumpção enquanto investidores e limitadas capacidades financeiras. Por isso, a minha proposta para um plano que denomino de Grow with us. Este estriba-se na realidade de que Cabo Verde hoje, com a graduação da lista dos Países Menos Avançados para Rendimento Médio, a adesão do país à Organização Mundial do Comercio, a assinatura do Acordo de Parceria Especial com a União Europeia e a incessante procura de maior integração regional na CEDEAO, deve assumir e adoptar um posicionamento claro, verdadeiro e transparente, que nos conduza consequentemente a numa nova fase de desenvolvimento e mobilize investimentos e realizações de acordo com o rumo traçado e validado, isto é, de acordo com a Agenda de Transformação de Cabo Verde.

Somos um povo tradicionalmente activo, mas nem por isso pró-activos. É preciso que se dêem passos para a concretização dos discursos e estratégias, através de uma comunicação clara, simples e directa, relativamente ao que se pretende fazer deste país.

A semelhança do exemplo da Polónia, que hoje emerge como um forte mercado, ao lado de outros países emergentes, proponho a orientação de instituições como a Cabo Verde Investimento, em articulação com Embaixadas e Consulados, para a mobilização de uma campanha forte a nível internacional, relativo a Agenda de Transformação Económica do país, no intuito de que a atracção do investimento externo se faça lá onde necessário e fundamental para a política de Desenvolvimento do País. Esta campanha deve mobilizar todos os suportes necessários, mas com a contabilização clara e transparente dos seus custos, objectivos a atingir, e estimativas de resultados. O mais importante é que o discurso seja elaborado na óptica das possibilidades de investimentos em Cabo Verde, apelando os potenciais investidores externos e virem crescer com o País, daí o slogan Grow with us. Cabo Verde, pode desta forma orientar os investimentos externos para os vectores que traçou como fundamental para o seu crescimento, assim como construir uma verdadeira imagem de marca internacional como fonte de oportunidade para o mundo. Ao contrário de estarmos a mercê dos que por cá têm caído.

Esta acção, deve ser fortemente acompanhado pelas secções consulares e embaixadas em todo o mundo, criando uma verdadeira onda de divulgação da nossa Agenda de Transformação e Desenvolvimento, no mundo e a consequente atracção de investimentos externos para sua materialização. A condução deste esforço pode ser direccionada por área e mercados potenciais de financiadores, com equilíbrio territorial, regional e diversificação suficiente para a mitigação de riscos sistémicos.

A Educação, formação profissional, normativos e outros, deveriam ser consequentes deste e não feitos à partida sem contabilização dos resultados espectáveis face aos custos que absorvem. Hoje, se não medimos, não estamos a fazer nada, pois não saberemos onde estamos e onde chegamos.

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