Search This Blog

Tuesday, April 8, 2008

Marca Cabo Verde

Marca Cabo Verde
Desenvolvimento e Competitividade Nacional

Esta na ordem do dia a discussão tendente a melhoria do ambiente de negócios em Cabo Verde com vista ao fomento da inovação e da competitividade interna e externa.

As soluções “fáceis”, como a simplificação da constituição de empresas, por exemplo, não obstante a sua valia implícita e explícita, é uma questão falsa que deturpa o cerne da questão e ilude o saneamento absoluto da burocracia e incapacidade competitiva.

Portugal, por exemplo, adoptou e tem adoptado este método da Simplificação da constituição de empresas como forma de superar ou melhorar o seu ambiente de negócios. A sua estratégia passou pela permissão da constituição de sociedades num único momento e perante um único controlo administrativo.

A ideia foi constituir uma bolsa de firmas pré-aprovadas pelo Registo Nacional de Pessoas Colectivas (RNPC) e licenciadas a seu favor, que permita a disponibilização de “firmas de fantasia” para que seja possível assegurar a constituição quer de sociedades comerciais por quotas quer anónimas. Esta constituição das “Empresas na Hora” junto das Conservatórias do Registo Comercial e Centros de Formalidades de Empresas, com dispensa de escritura pública era a forma de responder ao disposto no programa do Governo, e de permitir estas tarefas aos funcionários que transitaram dos cartórios notarias para as conservatórias, como forma de aproveitar a sua formação e experiência profissional e assegurar num único acto de controlo, registo comercial, a constituição destas sociedades, com dispensa de escritura pública para o acto de constituição destas mesmas.

Criaram postos de atendimentos espalhados pelo País, no intuito de dar resposta as necessidades e descentralizar os processos, estabeleceu-se novos modelos de pactos sociais, de registo de domínio na Internet para as "Empresas na Hora", deu-se maior liberdade na escolha do nome "Empresa na Hora", desmaterializou-se a Declaração de Início de Actividade entre outras actividades levadas a cabo com esta finalidade de desenvolver e propiciar a inovação e a competitividade do País.

A pergunta que imerge é: não obstante aos benefícios implícitos, será que esta simplificação, resolverá per sí a questão de fundo como garante da sustentabilidade da competitividade internacional de um País?

Mais do que esta simples analogia, permitam-me a apresentação concreta de uma proposta pública para a criação da capacidade competitiva de Cabo Verde no mundo.

A construção da:
MARCA – CABO VERDE

Esta construção é e deverá ser uma abordagem sistematizada para o reforço da identidade de Cabo Verde. Espero com esta semente prestar um contributo para a alerta da necessidade de desenvolver um sistema estratégico integrado que permita ao país, Cabo Verde, conceber um plano de desenvolvimento sustentado, com a participação de toda a sociedade.

Este plano de desenvolvimento passa por duas fases fundamentais:
1) A partir da análise da situação actual do país e do seu potencial de desenvolvimento, terá de se responder a uma questão: O que queremos que o nosso pais seja daqui a 20/30 anos? Que sectores de actividades queremos ver desenvolvidos? Que competências pretendemos ver nos nossos cidadãos? Qual os valores culturais que queremos ver preservados? Que sistema educativo, deveremos apostar para os nossos jovens?
2) A Motivação dos nossos concidadãos em torno de um projecto de Marca - Cabo Verde que eles ajudaram a definir. Cada pessoa terá de se consciencializar quais as oportunidades que poderá ter em Cabo Verde, que competências são mais valorizadas pelo mercado de trabalho, tudo em consonância com as prioridades anteriormente delineados.

Sem o desenvolvimento de um sistema de valores mobilizadores, e dada a globalização de toda a sociedade, rapidamente atingiríamos uma situação de falta de referências culturais nos nossos jovens, e falta de uma estratégia para o país e para a sociedade. Nesse momento, os nossos jovens quase só falariam inglês, e teriam como ambição única emigrar para os EUA ou para Europa, onde os valores que assimilaram pela TV e pela Internet são os únicos que conhecem.

Para os responsáveis pela educação de Cabo Verde (professores e governantes) é fundamental entender o rumo – cultural e económico - que se quer para o país, de forma a construir programas e sistemas educativos que vão de encontro às necessidades do país e às exigências de uma sociedade globalizada e altamente competitiva.

O país viveu décadas procurando ultrapassar crises económicas, sociais e humanas, que naturalmente trouxeram consequências nas estruturas económico-sociais e inclusivamente no sentimento e identidade nacional da população. Neste momento, a grande aposta deverá ser a construção de uma missão: um modelo de desenvolvimento partilhado por toda a sociedade, capaz de congregar esforços e especializar recursos.

A metodologia Marca – Cabo Verde, pretende ajudar a gerir parte significativa da identidade do país, através de um modelo empresarial sistema¬ti¬zado. Numa primeira fase, apostar-se num levantamento da situação económica, social e cultural actual (nacional e internacional). Partindo da análise estrutural do país e da sua envolvente externa e conhecendo o sentimento e expectativas da população nacional e públicos externos (Governos, investidores, instituições e população em geral), segue-se para a segunda fase da metodologia: a construção de um projecto nacional – através de um grande consenso – que não deixe de fora nenhuma entidade política e social relevante, para que os seus grandes objectivos e estratégias se mantenham ao longo do tempo. Esta visão do País a longo prazo – deve indicar quais os sectores de actividade a apostar, de forma a proporcionar as infra-estruturas necessárias (educação, estradas, promoção externa, apoios financeiros, investimentos governamentais, etc.). Assim acelera-se/potencia-se a dinâmica subjacente ao modelo do Diamante de Porter, um dos contributos mais valiosos, para a construção das vantagens competitivas das Nações.

Por fim deve mobilizar-se os esforços de todos os cidadãos, em torno deste projecto, que todos definiram e terão de construir. Desta forma, todos os cidadãos devem conhecer o projecto de desenvolvimento do seu País, e perceber quais são as oportunidades e ameaças com que se vão defrontar. Para além do público interno, a Marca Cabo Verde deve também ser comunicada aos públicos externos relevantes, para que possamos direccionar a notoriedade, em torno dos valores que preconizamos.

Estando dentro de uma comunidade com importantes valores culturais comuns, como a CPLP, há um espaço de desenvolvimento suplementar, potenciado pela congregação de esforços, nomeadamente ao nível da investigação, educação, associação de empresas, etc. No entanto, o cada vez mais volátil contexto internacional, obriga a uma constante reavaliação do processo, de forma a potenciar todo o capital de crescimento associado à metodologia da marca-Cabo Verde.

A globalização da actividade economia, cultural e social provoca uma crescente proximidade entre os povos: as pessoas movem-se ao longo dos países, em função do seu projecto de vida, e as empresas têm grande facilidade em se deslocalizar, de acordo com os seus objectivos e as condições que determinado país ou região lhes possa proporcionar. Torna-se necessário que os países construam uma identidade sólida, capaz de transmitir uma imagem mobilizadora, coerente e favorável aos seus diversos públicos: financiadores (investidores e bancos); Governos estrangeiros, empresas multinacionais, cidadãos nacionais e estrangeiros. Caso os Governos não atinjam este objectivo, não controlarão a “fuga” de quadros especializados, nem conseguirão atrair turistas, financiadores e apoios financeiros externos.

Cabo Verde conhece bem este problema: não consegue fixar muitos dos seus melhores cérebros (apesar dos elevados investimentos que muitas vezes faz em educação no exterior) ou atrair investidores estrangeiros de qualidade. Desta forma, torna-se necessário que o país – através dos seus Governos – desenvolvam uma estratégia que permitam incrementar a sua competitividade, através de uma abordagem sistematizada, como se de uma empresa se tratasse: uma marca-Cabo Verde.

Abordando esta problemática de uma forma sistematizada, é necessário que numa primeira instância o país conheça as suas limitações e potencialidades, e que fixe objectivos claros, de forma a poder delinear uma estratégia (modelo de desenvolvimento sustentado): o Governo e as principais instituições (partidos, intelectuais, empresários) devem estar de acordo relativamente à visão que têm do país: O que se pretende que o pais seja daqui a 20 ou 30 anos?
- Quais são os sectores de actividade em que se pretende apostar?
- Que qualificações se pretendem desenvolver nas pessoas?
- Que infra-estruturas se pretendem apoiar?
- Qual a melhor aposta que cada região pode fazer?

Os objectivos do país devem merecer um amplo acordo na sociedade, não devendo ficar à mercê dos interesses pontuais dos partidos dominantes, pois, num contexto de alternância democrática, haveria uma constante alteração de prioridades.

Considerando-se Cabo Verde como estando numa fase de transição, procurando encontrar o seu lugar no mundo – ou mesmo encontrar-se enquanto povo – é correcto afirmar que necessita de implantar novos valores e ideais, capazes de motivar os seus cidadãos – através de uma maior auto-estima – e de se afirmarem externamente, atraindo capitais e pessoas que possibilitem um rápido crescimento económico.

No comments:

Post a Comment